Esse episódio aconteceu comigo já faz dois anos, mas só agora, decorridos mais de setecentos dias, é que fui me lembrar desse acontecido.
Estava eu indo para casa depois de ter cumprido oito horas de trabalho dentro de um ônibus, que juntamente comigo transporta outras quarenta pessoas, quando vi uma jovem professora com seu fone de ouvido. Confesso que essa cena não é rara, pois desde que entrei nesse emprego, vejo a da mesma forma, todo santo dia.
Acho que se a vi uma única vez conversando com alguém, foi muito.
Não estou falando aque que eu seja um uma pessoa falante. Do contrário, me acho até muito quieto. Tenho uma pontinha de inveja dos “seres falantes” que muitas vezes acabam por dar um tremendo de um “bom dia a cavalo”.
Bom, voltando ao inicio da conversa, foi justamente essa cena que me fez recordar que ainda quando estava estudando em Londrina, gostava de na volta me sentar com alguém que ainda não tivesse tido nenhum contato, para ter oportunidade de conhecer mais pessoas, pois isso é muito bom.
Então, sentou do meu lado uma bela moça. Acredito que ela cursava pedagogia. Ela sorriu para mim, e ajeitou se na poltrona. Assim que o motorista do nosso transporte deu a partida , ela mais do que depressa colocou o fone de seu aparelho no ouvido, e virou para o lado.
O trajeto de Londrina até Rolândia durava cerca de 40 minutos. Quanto assunto poderia ter sido produzido naqueles 40 minutos. Mas nada, mas nada mesmo fora produzido naquele breve momento em que menos de cinco centímetros me separava daquela amiga em potencial.
Quando já estávamos na cidade de destino, ela tirou os fones, arrumou o seu material, le-levantou , virou para mim, e disse: “tchau”.
Aquele tchau suou para mim como uma forma dela dizer que mesmo que não tenhamos trocado uma só palavra durante quase uma hora de percurso, ela percebeu que tinha alguém do seu lado.
O meu texto com esse relato não quer aqui ditar como regra que todos aqueles que se sentam ao meu ou ao seu lado, devam ter por obrigação dialogar. O alerta aqui é outro.
Tento alertar que hoje uma bugiganga como o iPOD, o celular, MP 3, MP 4, e outros que existam, e que ainda eu não tive contato( e não vou dizer que não quero ter contato), pode distanciar afetivamente as pessoas.
Quase dez horas do nosso dia ficamos fora de casa com pessoas que acabam se tornando em alguns casos mais próximos da gente, do que nossa própria família.
Em outros casos, o individuo trabalha quase que solitário, tendo como sua companhia uma máquina fria. Talvez, a única possibilidade de contato com outras pessoas, é justamente na volta ao trabalho, em um ônibus, um exemplo bem clássico.
A modernidade trouxe muitos avanços para o ser humano, porém, a necessidade do convívio com outras pessoas acaba se por esvair.
Se nos primórdios o homem tinha esse desejo de interagir se com os demais, hoje a tecnologia da à idéia contraria. A de que o homem é um ser que pode viver só, como se fosse auto-suficiente.
Autor: homerojd@ibest.com.br - Categoria(s): Sem categoria
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